quinta-feira, 23 de fevereiro de 2012

Novos meios de transporte para reduzir emissões


Para diminuir a quantidade de carbono que lançamos na atmosfera, será preciso repensar a maneira como nos locomovemos e o tipo de combustível que utilizamos em nossos veículos. Esse será um dos focos de atenção dos países que estiverem preocupados em reduzir emissões após o acordo climático de Copenhague


Os combustíveis fósseis são a maior fonte de emissões de gases de efeito estufa no mundo e será inevitável olhar para eles e pensar em alternativas mais limpas. O assunto, certamente, será bastante comentado durante a COP-15, em Copenhague, e a maior parte dos países desenvolvidos vai ter que investir pesado nesta área se quiser cumprir suas metas de redução de emissões.

No Brasil, é o desmatamento o maior responsável por termos nos tornado o quarto maior emissor de carbono no planeta. Ainda assim, em grandes centros urbanos, o setor de transportes e o consumo de diesel e gasolina respondem pela maior parcela dos gases de efeito estufa que mandamos para a atmosfera.

Ainda que o Brasil não faça parte do grupo de países que tenha metas numéricas em Copenhague, terá que assumir compromissos de redução do crescimento de suas emissões, que sejamquantificáveis, reportáveis e verificáveis, como prevê o “Mapa do Caminho de Bali”. Isso quer dizer que, entre as medidas que tomaremos internamente, uma delas vai estar relacionada ao uso de combustíveis fósseis.

Para o presidente do Instituto Ethos, Ricardo Young, os motoristas que continuarem optando pelo diesel ou pela gasolina terão de pagar caro por isso. Além de incentivos para o uso do carro flex, que já representa 94% da frota de veículos novos que chega ao mercado, haverá espaço para os carros híbridos, que sejam, ao mesmo tempo, elétricos e utilizem fontes renováveis como o álcool.

Priscila Claro, professora e pesquisadora em sustentabilidade do Insper (ex-Ibmec SP), alerta: “Precisamos pensar se estamos dispostos não apenas a usar carro flex, mas também a ir de ônibusou de bicicleta para o trabalho”.

Tasso Azevedo, assessor especial do Ministério do Meio Ambiente, diz que é provável que, daqui para frente, as atividades mais emissoras de carbono sofram taxações, que podem ser repassadas ao consumidor, ou sejam alvo de mecanismos de imposto cruzado. “Quem tem carro pagaria mais taxas do que quem usa transporte público ou, enquanto os impostos do transporte público se tornariam menores, os impostos sobre o privado seriam mais altos”. Esses valores poderiam ser revertidos para o subsídio de melhorias e expansões de meios de transporte coletivos.

Num futuro não muito distante, será bem possível encontrar ônibus movidos a etanol circulando pela cidade. Os biocombustíveis também se mostram como uma opção mais interessante quando a preocupação é a geração de empregos, já que eles demandam de duas a três vezes mais postos de trabalho em relação ao petróleo.

O economista Ladislau Dowbor ainda lembra que os investimentos em transporte público pode melhorar os congestionamentos, que hoje geram, só para a cidade de São Paulo, um prejuízo anual de R$ 33 bilhões. Isso sem falar na diminuição da violência no trânsito e dos efeitos nocivos sobre nossas vias respiratórias. “As soluções são conhecidas e muito mais baratas do que a compra de um carro individual”, afirma Dowbor.

Ele faz a seguinte conta: “Imagine que sejam feitos investimentos no metrô, que é a solução mais óbvia para cidades de grande porte. Se, com isso, conseguirmos reduzir em uma hora por dia o tempo perdido no trânsito pelos cinco milhões de pessoas ativas no município de São Paulo, e estimarmos em dez reais o valor da hora do paulistano, serão R$ 50 milhões por dia. Ou seja, a cada dez dias pagaríamos um quilômetro de metrô”.

Outras soluções para diminuir o uso de combustíveis como trabalhar em casa e incentivar a carona compartilhada nas empresas estão entre as possibilidades. Nossos hábitos de turismo também podem sofrer alterações. Em função da redução de emissões, pode ser que haja incentivos aoturismo regional, o que evitaria o uso de aviões, grandes poluentes de CO2.

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